Complicações relacionadas ao tabaco contraindicam uso da substância antes e depois de cirurgias
Durante o preparo para a realização de uma cirurgia plástica, o especialista passa uma série de recomendações ao paciente que, em geral, inclui a necessidade de interromper o uso de tabaco no período que precede o procedimento.
É constatado cientificamente que o tabaco é prejudicial à saúde, provocando 6 milhões de mortes por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Alguns estudos indicam que a interrupção temporária do fumo entre 3 e 4 semanas antes e depois da cirurgia plástica reduz entre 21% a 41% as chances de complicações.
A seguir conheça como o tabaco influencia nos resultados e recuperação dos procedimentos cirúrgicos e quanto tempo antes o uso deve ser interrompido.
Quais os problemas causados pelo tabaco na cirurgia plástica?
São diversos os fatores que reforçam a necessidade de interromper o fumo antes de se submeter a um procedimento cirúrgico.
No geral, o tabaco é responsável pelo aumento dos riscos de complicações durante a realização da cirurgia e também compromete o pós-cirúrgico, principalmente devido os prejuízos ao sistema respiratório, mas não apenas.
Um das consequências do cigarro é o aumento dos radicais livres no organismo, causando o envelhecimento precoce das células. Esse aspecto por si só já é contrário aos objetivos ao se submeter a uma cirurgia plástica.
Outra ocorrência relacionada ao fumo é que a nicotina e toxinas presentes causam a redução na dimensão dos vasos sanguíneos, prejudicando a circulação sanguínea.
Essa característica reduz a quantidade de oxigênio e nutrientes que chegam ao tecido cutâneo, comprometendo diferentes partes do corpo, principalmente quando o procedimento estético envolve o descolamento cutâneo.
Cirurgias como lipoaspiração e abdominoplastia envolvem esse tipo de método, fazendo com que o cigarro aumente as chances de: necroses, trombose, embolia pulmonar, acúmulo de líquido e afastamento das partes da incisão.
Outros procedimentos também são comprometidos pelo tabaco. Na rinoplastia, por exemplo, o fumo deixa a mucosa nasal mais sensível durante o pós-operatório, podendo comprometer os resultados.
No caso do lifting facial, continuar fumando no pré-operatório e durante a recuperação da cirurgia eleva as chances de necrose.
O cigarro também pode aumentar as chances de ter tosses e infecções respiratórias durante a recuperação, provocando aumento da pressão arterial, o que pode resultar em sangramentos e abertura dos pontos.
Por fim, há um grande risco de os fumantes desenvolverem hérnia após a realização de uma intervenção cirúrgica.
Devido a esse conjunto de perspectivas negativas em relação ao cigarro, existem casos nos quais a recusa do paciente em interromper o fumo antes da cirurgia plástica pode contraindicar a realização da mesma.
Por exemplo, em caso de pacientes com diabetes ou hipertensão que já possuem riscos maiores na realização do procedimento, o fumo inviabiliza a técnica por torná-la excessivamente perigosa.
Como o cigarro influencia a cicatrização?
Um dos principais prejuízos – e riscos – do cigarro é na etapa pós-operatória da cirurgia plástica. A cicatrização, etapa crítica e fundamental para os resultados desejados, depende diretamente de cuidados que incluem não fumar.
De acordo com estudos, os fumantes têm um risco duas vezes maior de apresentar complicações na cicatrização das feridas operatórias do que aqueles que não fumam.
Os fumantes apresentam níveis reduzidos de antioxidantes no organismo, especialmente de vitamina C, substância essencial para a síntese de colágeno, a proteína responsável pela regeneração celular.
Ao parar de fumar o tempo de cicatrização é menor, o que influencia o período no qual o paciente fica em recuperação e também a percepção mais rápida dos resultados.
Quanto tempo antes da cirurgia é recomendado parar de fumar?
O cenário ideal, sem dúvida, é parar de fumar definitivamente. Mas para os pacientes que não desejam essa mudança de hábito, interromper o uso tabaco nas semanas que antecedem a cirurgia plástica já afeta os resultados.
Em geral, o tempo de abstinência do cigarro deverá ser de dois meses, considerando um mês antes da cirurgia e um mês depois.
O período é suficiente para que haja aumento dos níveis de vitamina C e colágeno no organismo, melhorando a resposta celular inflamatória e a cicatrização.
Já se o paciente apresenta maiores riscos de problemas respiratórios durante a intervenção cirúrgica, a recomendação é que o uso do tabaco seja interrompido dois meses antes do procedimento para limpar as vias respiratórias.
É importante esclarecer que essa mudança de hábito no pré-operatório não apresenta riscos ao paciente, mas é importante que haja controle da ansiedade.
Destaca-se que, interromper o uso do cigarro às vésperas do procedimento, assim como retomar o fumo no pós-operatório imediato, não resultará em mais segurança durante o procedimento.
É fundamental que o paciente seja honesto com o cirurgião plástico quanto a esse ou outros hábitos que possam contraindicar a realização da técnica.
A avaliação do quadro de saúde considerando esse fator fundamental indicará se a cirurgia plástica é mesmo recomendada e segura ao paciente, tanto durante a realização da técnica como na recuperação.